A Covid-19 tomou o mundo com uma velocidade jamais vista. Em poucos meses, o vírus se espalhou a nível global e o mundo passou a viver em pandemia. Apesar disso, momentos de grandes crises impulsionam grandes revoluções. Cientistas do mundo todo dedicaram seus esforços para desenvolver uma vacina para lutar contra a doença. Assim, também em tempo recorde, diversas vacinas foram produzidas e viraram a principal arma contra o coronavírus.
Ao mesmo tempo em que se criou uma corrida pelo desenvolvimento de uma vacina, foi dada a largada para outro tipo de corrida: a corrida da cadeia do frio. A temperatura é um dos pontos críticos para a indústria farmacêutica, especialmente nos momentos em que as vacinas deixam as fábricas e são transportadas para os centros de distribuição. Acontece que esses medicamentos imunobiológicos são compostos por moléculas altamente complexas, que quando expostas a algum tipo de instabilidade, correm o risco de perder a sua eficácia.
Assim, a temperatura é um dos fatores mais importantes para manter a qualidade de uma vacina. As aprovadas para uso emergencial no Brasil até o momento é a de Oxford/BioNTech e a CoronaVac, que precisam ser armazenadas em uma temperatura controlada entre 2ºC e 8ºC. Existem também as vacinas que precisam ser armazenadas a uma temperatura de -70ºC, ou entre -25ºC e -15ºC por até duas semanas, como é o caso da produzida pela fabricante Pfizer, que obteve registro sanitário definitivo no Brasil.
A importância da temperatura é tanta que para viabilizar as vacinações existe a chamada Cadeia de Frio, que é uma rede logística existente para armazenar, conservar, manipular, distribuir e transportar medicamentos, conduzida pelo Ministério da Saúde e que possui normas com boas práticas determinadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O papel do EPS na vacinação
O principal item utilizado pelos operadores logísticos do Ministério da Saúde na distribuição das vacinas é a caixa térmica de EPS (Isopor®). “Por suas características térmicas, o EPS proporciona grande estabilidade de temperatura, além de ser capaz de absorver impactos e garantir assim a integridade da vacina”, é o que conta Alexandre Cotrim, Gerente de Inovação Empreendedora na Termotécnica, empresa que produz as embalagens utilizadas no transporte da vacina.
Para garantir a qualidade no transporte dos tão aguardados imunizantes para a Covid-19, foi necessário entender os desafios em torno deste transporte e disponibilizar uma solução para o transporte desse medicamento. Logo no começo da pandemia, o desenvolvimento de caixas térmicas com tecnologia antiviral e antibacteriana tornou-se uma necessidade. Quando as especificações para transporte e armazenamento das vacinas foram divulgadas, a Termotécnica mobilizou seu time de inovação e engenharia para a missão. “Em questão de semanas tivemos resultados que nos deram a confiança que nossas embalagens atenderiam aos requisitos”, explicou Alexandre.
Nanotecnologia como aliada na Cadeia de Frio
Transportar um material tão sensível e valioso como a vacina para a Covid-19 é algo que necessita de atenção especial. E a tecnologia SafePack pode ser a principal aliada para as caixas térmicas que transportam a vacina, onde através de nanotecnologia, adiciona um elemento que gera uma espécie de blindagem protetora, que atua ativamente na destruição de bactérias e vírus envelopados, como é o caso do herpes simples humano (HSV-1) e vírus que pertencem a família do SARS-COV-1, SARS-COV-2 e MERS. O aditivo integrado ao Safe Pack foi desenvolvido pela startup catarinense TNS, de Florianópolis, com quem a Termotécnica possui parceria em projetos de inovação aberta.
É essa camada protetora que dificulta a replicação dos microorganismos e interrompe a ligação nas células hospedeiras, tornando seguro o transporte dos medicamentos mesmo que tenham sido manipulados em um ambiente com a presença do vírus. O SafePack também tem a característica de poder ser aplicado em produtos de EPS dos mais variados tamanhos e formatos, que possibilita dar ainda mais segurança para transporte de cargas sensíveis que utilizam a tecnologia. Assim, o sistema utilizado para transportar as vacinas para Covid-19 é composto por uma embalagem em EPS (Isopor®) de alta densidade e paredes duplas para garantir o isolamento térmico. Também é feito uso de diferentes tecnologias e elementos de refrigeração para atender cada uma das faixas de temperatura, seja ela de 2 a 8°C ou -70°C. A Termotécnica possui um longo histórico de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de embalagens, associado a parcerias e qualificações em laboratórios especializados que garantem a estabilidade de temperatura interna nas soluções para o setor fármaco.
Como termina o ciclo das embalagens?
A força-tarefa necessária para viabilizar a campanha de vacinação contra a Covid-19 também fez com que fossem necessárias mais embalagens para transportar as doses das vacinas. Outro ponto positivo das caixas térmicas de EPS é que seu ciclo não termina quando as vacinas já foram aplicadas. Isso acontece por conta deste material ser 100% reciclável.
O EPS é composto quase inteiramente por ar. Para ser mais específico, 98% de sua composição é dos gases que usamos para respirar. Além disso, sua presença na natureza não contamina a água ou o solo, e também não danifica a camada de ozônio. E, por último, a nanotecnologia aplicada ao processo não impacta a reciclagem deste material. É por isso que, depois de ajudar a salvar inúmeras vidas durante o processo de vacinação, as caixas utilizadas poderão voltar a ser transformadas em outros produtos e ser utilizadas para outros fins.