Saúde e sustentabilidade andam de mãos dadas. Entre as notícias sobre a pandemia, uma retrata bem como o ser humano pode ser contraditório: “Máscaras contra coronavírus poluem praias de Hong Kong” (Agência Reuters). A foto que acompanha a matéria é bastante impressionante pela quantidade deste tipo de EPI tão imprescindível no combate ao Covid-19 contaminando o meio ambiente.
Como empresário do setor plástico e promotor da logística reversa, da reciclagem e da economia circular, fico realmente estarrecido com notícias como estas. E mais ainda, fico extremamente preocupado como os materiais que contribuem tanto para nossa saúde podem ser apontados como vilões quando a responsabilidade para a sua destinação correta no pós-uso é de todos que integram os elos da cadeia, começando pelo cidadão.
Veja, assim como o plástico, não são as máscaras que estão sujando as praias e contaminando os mares, rios e até ruas, mas sim as pessoas, os indivíduos que as estão usando e não fazendo o descarte correto. E mais, estamos falando de um centro financeiro com uma das maiores rendas per capita mundiais. Infelizmente, esta realidade também é vista no Brasil.
É importante lembrar que materiais plásticos compõem quase tudo o que está em nossa volta, transportando, protegendo e acondicionando produtos imprescindíveis para a vida moderna, como alimentos e água potável. Nos hospitais, estão presentes nos medicamentos, vacinas, materiais cirúrgicos, implantes e, mesmo, em equipamentos dos centros de tratamento intensivo, como os respiradores.
Soluções em EPS (poliestireno expandido), por exemplo, combinam fatores como resistência, leveza e mantêm a temperatura ideal para fazer chegar mais longe, muitas vezes em voos intercontinentais, vacinas e medicamentos com as propriedades intactas e sem proliferação de fungos e bactérias. Nenhum outro material traz tantas vantagens em termos logísticos na área de saúde. O mesmo se dá com o transporte de frutas e outros vegetais, alimentos tão recomendados por médicos e agentes de saúde para aumentar a nossa imunidade, mantendo-os frescos por mais tempo, com seus nutrientes e vitaminas e evitando o seu desperdício.
Num momento que estamos falando da importância da educação para a saúde, não podemos descuidar também da educação para a sustentabilidade. Ou não é igualmente importante no combate ao Covid-19 manter os mananciais de água para beber e para a correta higiene, evitando a proliferação de bactérias causada por acondicionamento incorreto ou por meio de lixo descartado de forma indevida no meio ambiente?
Como prevê a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade do consumo consciente e da economia circular cabe a todos os atores envolvidos: poder público, indústria e sociedade. Então, que tal reformular o título da matéria: “PESSOAS descartam máscaras contra coronavírus e poluem praias de Hong Kong”? Saúde e sustentabilidade devem caminhar juntas. Só assim vamos mudar esta realidade!